Por Arnold R. Grahl
O Rotary Club de Dajabón, na República Dominicana, queria construir estufas em aldeias rurais e ensinar os agricultores a utilizá-las para melhorar os seus rendimentos. O clube fez parceria com o Rotary Club de Everett, no estado de Washington (EUA), para solicitar um subsídio global da Fundação Rotária que apoiasse empréstimos aos agricultores. Juntamente com formação empresarial, os empréstimos ajudariam os agricultores a iniciar os seus empreendimentos em estufas. Mas o processo de candidatura parou quando os clubes tiveram dificuldades em encontrar uma instituição financeira local qualificada para gerir os empréstimos.
Foi então que entrou em ação Wally Gardiner, um membro canadiano da Equipa de Assessores Técnicos da Fundação Rotária. Especialista em microfinanças e tecnologia, Gardiner usou os seus contactos para encontrar um banco de microfinanças em Dajabón que se mostrou disponível para ajudar, e ajudou a negociar o acordo. Com o banco envolvido e um memorando de entendimento assinado, o projeto avançou. Mais um sucesso para a Equipa de Assessores Técnicos do Rotary.
Com quase 600 membros em cerca de 80 países, esta equipa tem vindo a ajudar membros do Rotary a lidar com projetos complexos desde 1995. Os assessores técnicos são voluntários que oferecem as suas competências profissionais para ajudar clubes a planear e implementar projetos de forma mais eficaz. Ao longo dos anos, ajudaram clubes a concretizar projetos de maior dimensão e a obter milhões em financiamento da Fundação.

Crédito da imagem: Putu Sayoga
“O nosso trabalho principal neste momento é atuar como mentores junto de clubes que tenham uma ideia que gostariam de concretizar”, diz Carolyn Johnson, presidente do Cadre, rotária do Maine e antiga governadora do distrito 7780, que se especializa em projetos de educação básica e literacia. “Tentamos ajudá-los a desenvolver algo mais profundo e sustentável.”
Desde 2020, todos os Grupos de Ação Rotários são obrigados a nomear um membro do Cadre para servir como responsável técnico, promovendo a colaboração entre o Cadre e os grupos de ação, que também oferecem conhecimento especializado aos clubes. Além disso, o presidente do Cadre nomeia organizadores regionais, que trabalham para fortalecer as relações entre o Cadre, os líderes regionais e outros membros do Rotary.
Conselhos e ligações
Josephine Wong é a organizadora regional do Cadre para o Leste e Sudeste Asiático. Neurologista com experiência em mais de 20 avaliações de projetos, Wong aconselha os membros sobre boas práticas para candidaturas a subsídios. Refere que as barreiras linguísticas e culturais, aliadas à falta de ligações globais, são os maiores obstáculos às candidaturas na sua região. Wong gosta de ajudar os membros a construir relações internacionais.
Tal como outros membros do Cadre, Wong também pode impulsionar projetos de formas inesperadas. Recorda que, há alguns anos, um clube queria usar o karaoke para combater a tuberculose entre povos indígenas em Taiwan. A candidatura ao subsídio foi inicialmente rejeitada porque os responsáveis não compreendiam a ligação entre karaoke e tuberculose. Wong descobriu que os organizadores pretendiam usar o karaoke num centro comunitário para atrair os indígenas; uma vez no local, poderiam ser informados sobre como fazer o teste à tuberculose. Depois de se desenvolver uma estratégia mais sólida, centrada na prevenção da doença e nos resultados do tratamento, o subsídio foi aprovado. “Quando alguns clubes enfrentam dificuldades, simplesmente desistem”, diz Wong. “Os clubes precisam de saber que o Cadre está aqui para os apoiar.”
Simona Pinton, membro do Cadre em Itália, sublinha a importância de uma intervenção ponderada. “A mediação é uma atitude e uma competência essenciais que devemos colocar ao serviço dos rotários”, afirma Pinton. “É através dela que se cria diálogo e vontade de construir algo em conjunto.”
Numa ocasião, Simona Pinton aconselhou membros dos Rotary Clubs de Roma Cassia, em Itália, e Tunis Méditerranée, na Tunísia, sobre um projeto destinado a aumentar a consciencialização dos jovens sobre a violência baseada no género. O planeamento envolveu muita discussão e troca de ideias, o que levou todos os envolvidos, incluindo Pinton, a aprofundar o seu conhecimento sobre o tema. “Graças ao contributo da Simona, conseguimos centrar-nos na área de intervenção”, diz Francesco Martinelli, um dos organizadores do projeto do clube de Roma Cassia. “O seu apoio ajudou-nos a avaliar as associações parceiras, a prestar atenção à análise do contexto social e a recolher dados para medir os resultados.”
No Canadá, o Rotary Club de Lethbridge East, em Alberta, também beneficiou do apoio do Cadre. Os membros do clube estavam a colaborar com uma organização sem fins lucrativos da região para substituir computadores destruídos pelo furacão Maria em 2017, quando este atingiu a Dominica, uma ilha nas Caraíbas. Andrew Bronson contactou Wally Gardiner para saber como obter um subsídio global, em parceria com o Rotary Club de Portsmouth, na Dominica. Entre outras coisas, Gardiner informou os clubes de que seria necessário realizar uma avaliação comunitária, o que surpreendeu Bronson.
“Pensei: isto é como perguntar às crianças se querem o Natal ou não”, admite Bronson. “Mas sabem o que foi interessante? À medida que o Wally nos ajudava com a avaliação, ficou claro que era uma etapa muito importante. As escolas que responderam com mais entusiasmo receberam primeiro os computadores e atualizações tecnológicas, o que melhorou a adoção em todo o país.”
O projeto começou muito bem. Mas quando surgiu a pandemia de COVID-19 e as escolas passaram ao ensino virtual, surgiram problemas inesperados. Os portáteis foram levados para casa pelos alunos, mas muitos não foram devolvidos, e com a economia da ilha em declínio, o governo não conseguiu cumprir os seus compromissos. Mais uma vez, Gardiner interveio com conselhos úteis e, hoje, o projeto continua — embora de forma mais modesta. Ainda assim, como reconhece Bronson, até os contratempos podem trazer lições valiosas.

Crédito da imagem: Putu Sayoga
“Acho que os clubes devem realmente perceber o que estão a fazer”, diz ele. “Logo desde o início, procurem um membro do Cadre. Mesmo que tenham uma boa ideia, obtenham uma segunda opinião.”
Resultados melhorados
Noutro local, o trabalho de Carolyn Johnson com os Rotary Clubs de Ellicott City, no Maryland (EUA), e Machakos, no Quénia, teve um desfecho feliz após alguns ajustes. Os dois clubes queriam usar o teatro para ensinar competências de literacia às crianças. Inicialmente, planeavam que crianças dos dois países colaborassem na criação de um musical, juntando as suas contribuições através da internet. Os clubes chegaram até a envolver um artista premiado de hip-hop de Baltimore para participar.
“Era um programa muito interessante, mas não cumpria os critérios dos subsídios globais para educação básica e literacia”, recorda Johnson. “Eu fazia perguntas como: ‘De que forma é que as crianças vão tornar-se melhores leitoras ou escritoras? Como vão melhorar as suas competências em matemática?’ Não queria desmotivar o entusiasmo dos clubes, mas sabia que o projeto, tal como estava, não iria ser aprovado.”
Johnson convenceu os clubes a voltarem à sua organização parceira, a Kenya Connect, para encontrar outra forma de chegar às crianças no Quénia. A proposta revista passou a financiar o envio da biblioteca móvel da Kenya Connect para mais escolas sem acesso a livros. O projeto também passou a incluir formação para professores e orientações para os pais sobre como incentivar os filhos à leitura.
Abandonar a ideia do teatro “foi uma mudança muito difícil”, diz Temrah Okonski, que coordenou o projeto para o Club de Ellicott City. “Mas já estávamos a trabalhar com a Kenya Connect e conhecíamos os objetivos deles para o ano. A Carolyn entrou logo no início e fez todas as perguntas que o Rotary International teria feito mais tarde.”
“Transformou-se num projeto maravilhoso, que está a funcionar e em curso em várias comunidades”, acrescenta Johnson. “Está a entusiasmar as crianças com os livros e com a leitura, e está a colocar mais recursos nas mãos dos professores para que possam oferecer uma educação de melhor qualidade.” Mais uma vitória para a Equipa Cadre.
Esta história foi publicada originalmente na edição de junho de 2025 da revista Rotary.
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