O poder das parcerias em prol de áreas assoladas por desastres

O poder das parcerias em prol de áreas assoladas por desastres

Por Claudia Urbano, Departamento de Engajamento e Serviços do Rotary

Os desastres ambientais podem ocorrer sem aviso prévio, deixando as pessoas feridas e sem moradia, comida ou água. A atuação de organizações especializadas é fundamental nessas situações: da resposta imediata à recuperação em longo prazo.

A ShelterBox, juntamente com a Habitat para la Humanidad Honduras e o Rotary Club de San Pedro Sula, uniram-se na ajuda a comunidades afetadas pelos furacões Eta e Iota.

Outro fator igualmente fundamental são as parcerias. As organizações somam seus recursos quando se unem, sendo capazes de prestar assistência de forma mais abrangente e coordenada após a ocorrência de calamidades.

Foi o que aconteceu em 2020 quando os furacões Eta e Iota atingiram Honduras, em plena pandemia do coronavírus, causando danos generalizados a pelo menos 5% de 1,8 milhões de unidades habitacionais do país. Em resposta à crise, foi estabelecida uma parceria entre ShelterBox, Habitat para a Humanidade Internacional, Habitat para la Humanidad Honduras, agências governamentais e associados locais do Rotary e do Rotaract. O projeto implementado por esta colaboração serve de exemplo aos clubes que desejam ajudar áreas atingidas por desastres.

Objetivos

O projeto priorizou o retorno das pessoas às suas comunidades, reabilitação da infraestrutura e fornecimento de moradia para quem se encontrasse em locais inabitáveis.

Fases

O foco foi no fornecimento de kits de abrigo emergencial, materiais de construção e treinamento para ajudar os moradores a reparar ou reconstruir as suas casas. Também incluiu a realocação de algumas famílias para lugares mais seguros.

Avaliações de danos e necessidades

Estas avaliações foram realizadas pelo Departamento de Gestão de Riscos e Contingências do Governo de Honduras, com apoio da Cruz Vermelha local e do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU.

Habitações transitórias construídas em um assentamento. O treinamento possibilitou que a própria população se recuperasse da tragédia. Junho de 2020.

Planejamento

As comunidades foram selecionadas com base na respectiva demanda por habitação temporária identificada pelas avaliações de danos e necessidades. Por sua vez, as famílias foram selecionadas com base na respectiva necessidade e na viabilidade de utilizarem os kits emergenciais.

Papéis e responsabilidades

  • A ShelterBox forneceu os kits emergenciais, cuidou da logística internacional, deu treinamento digital e suporte técnico.
  • A Habitat para a Humanidade liderou a implementação das ações identificando as principais necessidades, dando treinamento e monitorando atividades durante e após a distribuição de itens.
  • Os associados locais de Rotary e Rotaract Clubs disponibilizaram suas redes e recursos comunitários, e proveram suporte de longo prazo após as fases iniciais da colaboração.

Implementação

As famílias receberam kits compostos por lonas e ferramentas para reparar suas casas danificadas ou erguer moradias temporárias, e o devido treinamento para utilizá-los. As famílias que viviam em áreas propensas a inundações foram realocadas a lugares mais seguros e ficaram em abrigos transitórios, que acabaram se tornando permanentes.

Engajamento comunitário

Os líderes comunitários ajudaram a selecionar os participantes, envolver as comunidades e distribuir os kits. A abordagem incluiu visitas às comunidades com medidas para prevenir a propagação da covid-19. Alguns membros de cada comunidade foram treinados no uso dos kits para depois poder orientar os demais moradores a usá-los.

A comunicação direta com os moradores ocorreu na entrega dos kits e durante as sessões de treinamento. A comunicação indireta foi realizada pelas lideranças comunitárias.

Materiais

Os kits foram trazidos do armazém da Shelterbox no Panamá. As chapas metálicas e a madeira para as moradias foram adquiridas localmente.

Coordenação

Para chegar aos necessitados e evitar a duplicação de esforços, as três organizações parceiras coordenaram suas ações junto com outros colaboradores, como o Conselho de Abrigos Emergenciais e os Comitês Municipais de Emergência. Esta coordenação levou a uma melhor resposta humanitária ao garantir que todos os recursos estivessem disponíveis para as pessoas afetadas pela catástrofe.

Recuperação

A resposta emergencial seguiu uma visão holística que se concentra em prover às famílias afetadas os recursos de que necessitam para reconstruir as suas vidas de forma segura e sustentável. Esta abordagem considera as necessidades de curto, médio e longo prazo e inclui fornecimento de abrigos, redução de riscos e apoio à criação de habitações permanentes.

As famílias vivem agora em casas permanentes com serviços básicos e título de posse da terra. Novembro de 2023.

Impactos mais amplos

A iniciativa envolveu vários governos municipais e ONGs, distribuição coordenada de itens e transporte, estabelecendo um bom caminho a ser seguido. A avaliação do projeto ajudou as três organizações e demais colaboradores a identificar pontos fortes e fracos na abordagem adotada.

Pontos fortes

A definição dos papéis e expectativas relativos a cada parceiro foi um passo crítico para lançar as bases para uma intervenção conjunta bem-sucedida.

Vale mencionar os fatores fundamentais para uma abordagem holística que inclui saúde, prosperidade e independência da comunidade, como desenvolvimento de estratégias e formação de relacionamentos para facilitar o processo de recuperação no longo prazo.

Pontos fracos

A entrega dos materiais sofreu atraso devido a problemas logísticos causados pelos desafios impostos pela crise do coronavírus.

Lições aprendidas

  • Organizações como o Rotary ajudam a reduzir os custos e o tempo dos projetos. Os rotarianos e rotaractianos podem fornecer informações valiosas sobre necessidades pré-existentes e o sistema de distribuição de ajuda humanitária.
  • Assinar um Memorando de Entendimento antes de implementar um projeto pode garantir um início tranquilo e eficiente dos trabalhos.
  • O apoio voluntário local, como o dos rotarianos e rotaractianos, é inestimável à resposta emergencial após a ocorrência de calamidades.
  • Deve haver um posicionamento prévio para facilitar a distribuição de suprimentos.
  • O envolvimento das famílias pode levar a soluções mais sustentáveis.

Recomendações

As recomendações para aprimorar futuros projetos incluem:

  • Explicar os padrões humanitários mínimos a todos os membros da equipe do projeto e garantir que sejam respeitados.
  • Fornecer treinamento adicional aos implementadores da iniciativa sobre alocação de recursos, e aos parceiros e participantes sobre a melhor localização para os abrigos.
  • Fornecer guias de orientação aos governos locais sobre como impedir a politização da ajuda humanitária, e incentivar a formação de parcerias comunitárias e da sociedade civil para evitar tal politização.
  • Melhorar o acompanhamento logístico, incorporando capacidades de armazenamento e contando com a ajuda de especialistas em logística internacional.

A colaboração entre ShelterBox, Habitat para a Humanidade e associados do Rotary e do Rotaract em Honduras mostrou o imenso potencial de colaborações de resposta a desastres. Ao adotar uma abordagem centrada na comunidade, adaptável e movida por uma parceria, este projeto serve de inspiração e demonstra como a ação coletiva pode trazer resiliência e ajudar as comunidades a prosperar face à adversidade. Juntos, somos mais fortes e eficazes na assistência a populações atingidas por desastres naturais.



source https://rotaryblogpt.org/2024/01/29/o-poder-das-parcerias-em-prol-de-areas-assoladas-por-desastres/

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