A deficiência me serviu como força propulsora

A deficiência me serviu como força propulsora

Por Badara Dafé, Rotary Club de Dakar Soleil, Senegal

Não há dúvida de que a poliomielite é uma doença tirana e incapacitante. No entanto, como sobrevivente da pólio, eu usei a deficiência imposta pela paralisia infantil como fonte de motivação, o que acabou criando em mim um gosto especial em dar o meu melhor e me dedicar ao trabalho com afinco. Consegui transformar em oportunidade o que parecia ser um problema.

Contraí poliomielite quando tinha somente um ano de idade e morava em Dakar, a capital do Senegal. A febre durou dias e a paralisia foi se instalando, especialmente no lado direito das minhas pernas. Inicialmente, os médicos acharam que eu tinha malária, mas na realidade era paralisia infantil.

Após várias operações e inúmeras sessões de fisioterapia, aprendi a me locomover com muletas. A limitação física não me impedia de jogar futebol com os meus amigos, de ir à praia e levar uma vida normal. No geral, tenho belas lembranças da minha infância.

Mesmo assim, eu estava ciente da minha mobilidade reduzida e isso fez com que me concentrasse nos estudos. Não demorou para que eu percebesse que precisaria dar muito mais de mim para ter sucesso comparado a quem não tinha deficiência. Consegui acompanhar as aulas sem dificuldade, com a ajuda imprescindível do meu professor, que me deixava sair 10 minutos antes dos outros alunos para evitar que eu caísse em meio à aglomeração.

Estudei matemática e computação no Senegal, e continuei meus estudos na Université Paris Saclay, em Orsay, onde me formei em ciências da computação com especialização em bancos de dados. Iniciei minha carreira em Paris, trabalhando em diferentes empresas francesas, antes de retornar ao Senegal em 2000 para ingressar no Banco Central dos Estados da África Ocidental. Trabalhei lá por 21 anos até fundar, recentemente, a minha própria empresa de consultoria.

Sou grato pela capacidade que tive de estudar e trabalhar, de ganhar a vida com dignidade e, principalmente, pelo amor da minha mãe, que me ajudou a enfrentar todos os obstáculos e me acompanhou com uma dedicação inabalável. Minha família e todos ao meu redor desempenharam, e continuam desempenhando, um papel vital. Aqueles de nós com deficiências enfrentam dificuldades de vários tipos, como estigmatização, isolamento e restrições de acessibilidade. No entanto, tudo é possível quando se tem foco e um ambiente compreensivo a seu favor.

Fui apresentado ao Rotary em 2013 por um amigo que era médico e associado do Rotary Club de Dakar Soleil. Ele me falou da atuação do Rotary na erradicação da poliomielite e, no mesmo instante, eu disse a mim mesmo que queria fazer parte desse nobre esforço. Hoje, sou presidente do meu clube e estou muito envolvido na Comissão Pólio Plus do Senegal.

A poliomielite não tem cura, mas é prevenível por meio da vacinação. Como rotariano e sobrevivente da pólio, convido você a se juntar a mim e aos meus companheiros do Rotary no nosso trabalho para erradicar esta doença. Nenhuma criança jamais deveria sofrer com seus efeitos nocivos novamente.

Saiba mais sobre a iniciativa de erradicação da poliomielite e como você pode ajudar.



source https://rotaryblogpt.org/2023/09/11/a-deficiencia-me-serviu-como-forca-propulsora/

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