Por Murilo Araújo, presidente 2022-2023 do Rotary Club de Pacaembu e do Rotaract Club de Pacaembu (Distrito 4510)
Quando pensei que a vida tinha tentado estancar o meu limite ao servir, descobri que o servir é o remédio para continuar a viver. O ano foi 2021: planos, carreiras, sonhos e projetos, estava tudo ali para ser executado e outros em execução. Porém, me deparei com a deficiência aos 28 anos. O medo, a inconstante vontade de saber o porquê e, especialmente, o maior questionamento: como eu poderia fazer o que eu mais amo a partir desta nova realidade?
E no meio desse turbilhão de coisas, aceitei duas presidências em um único ano rotário. Além disso, também fazia parte da equipe de DE&I da governadoria do distrito 4510, era diretor de DE&I do mesmo distrito de Rotaract e Representante Distrital de Rotaract Eleito.
Pensei que seria o pior ano rotário de dois clubes ao mesmo tempo, mas foi o melhor ano. Eu lidei com a deficiência e as presidências, me sentindo pertencente ao Rotary e Rotaract e, a cada dia, cobrando mais de mim mesmo.
As pessoas acham que a pior cobrança é a dos outros, mas lidar com a sua própria cobrança é o maior fardo. Eu convivi e convivo com ela até hoje. Com isso, sempre achava que não tinha feito, realizado nada, em projetos ou ações. Parecia que eu não estava me doando o suficiente.
E desta forma, eu não só aprendi a lidar com as minhas deficiências, mas pude lidar com fatos talvez invisíveis a alguns olhos e visíveis a outros que jamais imaginei. E esta foi a segunda vez que estava sendo presidente do Rotaract.
Mesmo com idas e vindas em médicos, repouso, cirurgias, remédios experimentais, o clube estava ali comigo e eu com eles, e com isso recebemos prêmios que me orgulho muito em citar. Fomos o Rotaract Club que mais doou para a Fundação Rotária; segundo lugar de aumento de quadro associativo, primeiro lugar em projeto na categoria ação e todos os cargos cumprindo suas metas.
No Rotary, eu vivi e vivo mesmo de andador, bengala, não podendo ir a compromissos ou estando presente de forma virtual, sempre com o clube respeitando e acolhendo minhas batalhas diárias.
O Rotary Club de Pacaembu recebeu o reconhecimento por ser um clube com comissão e desenvolvimento de DE&I. Também, graças ao trabalho árduo nas ações e projetos, doamos à Fundação Rotária e conseguimos quatro honrarias Paul Harris. Doamos todos os anos rotários, e no meu ano de presidência, coloquei isso como uma prioridade, e mantivemos a doação.
As dificuldades foram piorando devido à doença, mas eu soube lidar com cada obstáculo, que não foram poucos, levando a dupla presidência. Hoje, passo por muitos procedimentos médicos, mas isso não impossibilitou que concretizasse o sonho de realizar o primeiro RYLA no Rotary Club de Pacaembu. O clube completou 63 anos de fundação no meu ano de presidência e ainda não havia realizado um RYLA. Deu um frio na barriga, mas nós fizemos o primeiro.
Em uma das situações mais extremas que passei, tive meu maior momento de pertencimento dentro do Rotary. Estávamos organizando um feirão beneficente quando fiquei sabendo que passaria 15 dias internado na UTI. Meus companheiros de clube, no entanto, não me deixaram de fora desse momento. Eles me enviaram fotos, vídeos e áudios. Ali, eu sabia que estava presente em dois lugares, em um quarto de hospital e na minha família rotária realizando este grande projeto.
source https://rotaryblogpt.org/2023/08/21/a-vida-como-pcd-e-uma-dupla-presidencia-no-rotary/
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